Seis meses depois… Quais as grandes questões sobre o COVID-19?

Recentemente, completou seis meses desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou, pela primeira vez, que o coronavírus poderia se tornar uma pandemia. Atualmente, o vírus já chegou a quase todos os países do globo terrestre. A disseminação mais rápida está acontecendo na América do Sul e os dados, do final de julho, revelam que 14 milhões de pessoas foram infectadas e 600.000 morreram em todo o mundo.

Apesar do interesse científico em torno do tema, algumas perguntas ainda estão sem respostas como aquelas relacionadas à natureza da imunidade, à possibilidade de mutação do vírus e à eficácia de uma vacina.  A Nature Video apontou alguns desses questionamentos:

(1) Por que as pessoas respondem de maneira tão diferente ao COVID-19?

Pessoas diferentes têm respostas surpreendentemente diferentes à infecção por COVID-19. Algumas, não desenvolvem sintomas. Outras pessoas, aparentemente saudáveis, ​​têm pneumonias graves e às vezes fatais. Por essa razão, os cientistas estão investigando a possibilidade de existir um componente genético para a resposta individual ao vírus. Os primeiros fortes indícios genéticos com a forma grave do COVID-19 sugeriram que as pessoas que desenvolvem insuficiência respiratória têm maior probabilidade de carregar uma de duas variantes genéticas: o locus ABO (9q34), um marcador genético dos grupos sanguíneos, ou um agrupamento de genes (3p21.31), incluindo um gene que codifica uma proteína que se infiltra no receptor que o vírus usa para entrar nas células humanas.

Essas variações parecem desempenhar apenas um pequeno papel na doença, mas espera-se que novas pesquisas descubram marcadores genéticos mais significativos para sintomas graves. Muitos estudos também mostraram grandes variações ​​entre grupos sociais e étnicos. As razões dessas disparidades ainda não estão claras, mas é possível que estejam ligados às desigualdades socioeconômicas.

(2) Como podemos desenvolver imunidade ao COVID-19?

Essa é a grande questão. Parece que os imunologistas estão passando as noites em claro para determinar como seria a imunidade ao SARS-CoV 2. Os pesquisados descobriram que o sistema imunológico pode criar altos níveis de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2, que permanecem altos por algumas semanas após a infecção, mas, depois, começam a diminuir. Geralmente, os anticorpos podem permanecer em níveis mais altos, por mais tempo, quando as pessoas sofrem uma infecção mais grave. Mas os cientistas ainda não sabem o nível de anticorpos necessários para prevenir uma reinfecção ou para reduzir os sintomas do COVID-19. Por fim, os anticorpos são apenas uma parte da história da imunidade. Outras células imunes chamadas células T também são importantes para a imunidade a longo prazo. Sendo assim, os pesquisadores precisam reunir essa colcha de retalhos de respostas imunes e compará-las com infecções de outros vírus para estimar o quão durável pode ser essa proteção.

(3) O vírus do COVID-19 sofreu mutação?

Todos os vírus sofrem mutação quando infectam pessoas e o SARS-CoV-2 não é exceção. Os epidemiologistas moleculares usaram essas mutações para rastrear a disseminação global do vírus. Mas devemos nos preocupar com alguma mutação desenvolvida pelo vírus? Os cientistas também estão atentos a mudanças que afetam as propriedades do vírus, por exemplo, tornando-o mais ou menos virulento ou transmissível. Identificar mutações preocupantes é complicado, pois a maioria das alterações não afeta a maneira como o vírus se espalha nos seres humanos. De fato, essas mutações não se tornarão aparentes até que o vírus precise sofrer mutações para sobreviver e isso não acontecerá até que a maioria da população mundial tenha sido infectada ou tenha desenvolvido imunidade.

(4) Quão eficiente será uma vacina contra o COVID-19?

Uma vacina eficaz talvez seja a única saída para pôr fim à pandemia. Atualmente, existem cerca de 200 candidatos em pesquisas em todo o mundo, com cerca de uma dúzia de ensaios clínicos, muitos dos quais já relataram que suas vacinas parecem seguras. Os primeiros ensaios de eficácia em larga escala devem começar nas próximas semanas. Mas os dados de ensaios em humanos em estágio inicial e estudos em animais pareceram esperançosos. Estudos em macacos sugerem que as vacinas podem ser bastante eficientes na prevenção de infecção pulmonar, mas não em outras partes do corpo, como o nariz. Resultados como esse aumentam a possibilidade de que uma vacina contra o COVID-19 previna sintomas graves, mas não a disseminação do vírus.

(5) Qual é a origem do COVID-19?

A maioria dos pesquisadores agora concorda que o SARS-CoV-2 se originou em morcegos-ferradura, mas ainda não se sabe se ele “pulou” diretamente de morcegos para humanos. O RATG13 – um coronavírus encontrado em morcegos – é 96% idêntico ao SARS-CoV-2, mas essa diferença de 4% representa décadas de evolução, possivelmente, em uma espécie intermediária. De acordo com alguns pesquisadores, poderia ser pangolins malaios. Mas, para rastrear inequivocamente a jornada do vírus para as pessoas, os cientistas precisariam encontrar uma versão quase idêntica em um animal – uma perspectiva que é ainda mais complicada pelo fato de o vírus ter se espalhado das pessoas para os animais, como gatos, cães  e minks, de  laboratório, todos mostrando sinais de infecção.

Mais de seis meses depois da emergência do COVID-19, cientistas continuam procurando por respostas, embora tenham sido feitos progressos, está claro que ainda há um longo caminho pela frente.

Confira o canal Nature Video na sugestão de Vídeos da Semana aqui do site.

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